Sabe aquela sensação de ter alguém sempre de guarda, 24 horas por dia, com uma memória fotográfica? É mais ou menos isso que a inteligência artificial pode fazer com as câmeras do seu condomínio.
Esqueça aquela imagem de um segurança tentando acompanhar dezenas de telas ao mesmo tempo: a tecnologia de video analytics, que já vem sendo aplicada em alguns empreendimentos brasileiros, funciona como um cérebro digital que não pisca nem se cansa. Ele aprende qual é a rotina normal do local e, a partir daí, qualquer coisa que saia desse padrão acende um alerta.
Por exemplo: se uma pessoa rondar o muro por muito tempo ou se um carro desconhecido estacionar repetidamente na frente do portão em horários estranhos, o sistema percebe na hora.
É uma forma muito mais proativa de segurança, que deixa de apenas registrar os problemas e começa a se antecipar a eles, avisando a equipe de monitoramento sobre uma movimentação suspeita antes mesmo que algo aconteça.
O mais interessante é que essa tecnologia não só pega atividades estranhas, mas também consegue identificar e acompanhar a frequência com que as mesmas pessoas aparecem.
Imagine que um indivíduo mal-intencionado esteja planejando uma invasão. Dificilmente ele agirá por impulso. O mais comum é que ele estude o local, os horários de maior e menor movimento e as possíveis falhas na segurança.
É aí que o sistema de vídeo inteligente se destaca: ele consegue reconhecer as características de uma pessoa e criar um tipo de “histórico” de suas aparições. Se o sistema nota que aquele mesmo rosto ou aquela mesma pessoa, que não é morador nem funcionário, foi vista várias vezes em pontos diferentes ao redor do condomínio em dias e horários distintos, ele soa um alarme.
Essa verificação de recorrência é uma ferramenta poderosa, pois transforma uma simples câmera, um item muito comum em qualquer condomínio, em um verdadeiro vigia que consegue “lembrar” de quem anda por ali e avisar quando alguém parece estar “investigando” a área mais do que o normal.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Segurança (ABSEG), mais de 70% das ocorrências de invasão a condomínios e empreendimentos comerciais são precedidas por atividades de reconhecimento prévio — quando criminosos observam rotinas, pontos cegos e falhas estruturais. Isso mostra que grande parte dos delitos poderia ser evitada se houvesse um
sistema capaz de identificar padrões suspeitos antes da ação. A inteligência artificial aplicada à segurança cria exatamente essa camada de proteção, transformando sinais sutis em alertas objetivos.
Além disso, um estudo da Allied Market Research aponta que o mercado global de video analytics para segurança deve ultrapassar US$ 30 bilhões até 2030, impulsionado pela necessidade de monitoramento preditivo. Isso confirma que a adoção dessa tecnologia não é apenas uma tendência, mas uma resposta direta a um cenário onde a prevenção tem peso maior do que a reação. Investir em IA para segurança é investir em tranquilidade, eficiência e, principalmente, na redução de riscos que poderiam custar muito mais caro no futuro.
*Por Caio Barbosa, Head de IA da Wevy