A manutenção preditiva se consolida como um dos principais pilares da eficiência operacional e energética em empresas de diferentes setores. Estimativas internacionais apontam que o mercado global nessa área já ultrapassa US$ 10 bilhões e deve crescer mais de 35% ao ano até o fim da década. No Brasil, o avanço da digitalização industrial e a busca por maior segurança nos processos têm impulsionado o uso de tecnologias baseadas em dados e inteligência artificial.
Patrick Galletti, engenheiro mecatrônico e especialista em climatização e eficiência energética e CEO do Grupo RETEC, explica que o conceito tem como base o monitoramento contínuo de equipamentos por meio de sensores e análise de dados. “O acompanhamento em tempo real permite identificar desvios de performance antes que se tornem falhas críticas. Isso reduz custos com reparos e evita paradas imprevistas que comprometem toda a operação”, afirma.
A aplicação de sensores inteligentes e sistemas conectados à Internet das Coisas (IoT) vem modificando a forma como empresas monitoram equipamentos, desde sistemas de climatização até compressores industriais. Em edifícios comerciais brasileiros, estudos indicam que sistemas de ar-condicionado respondem por cerca de 70% do consumo de energia elétrica interno, o que evidencia o potencial da manutenção preditiva como ferramenta de economia e sustentabilidade.
Para Galletti, a estratégia é especialmente relevante em setores com alta demanda térmica, como hospitais, indústrias e data centers. “Um sistema de climatização que falha pode interromper linhas de produção, comprometer estoques sensíveis ou colocar vidas em risco, no caso de ambientes hospitalares. O monitoramento remoto e as inspeções automatizadas garantem estabilidade e segurança para esses cenários”, explica o especialista.
Além de reduzir custos operacionais, o modelo contribui para a sustentabilidade ambiental ao prolongar a vida útil dos equipamentos e evitar desperdícios de energia. Segundo Galletti, a transição para a manutenção preditiva exige planejamento e mudança cultural nas organizações. “Mais do que tecnologia, trata-se de uma nova forma de gestão. Integrar sensores a uma rede de análise contínua e capacitar equipes para interpretar os dados é o que garante desempenho, conforto e segurança com menor custo”, ressalta.
Entre as boas práticas recomendadas estão a realização de auditorias energéticas periódicas, a instalação de sensores de vibração e temperatura em equipamentos críticos, a integração de dados a plataformas de gestão em nuvem e a adoção de planos de inspeção baseados em métricas de desempenho.
“O futuro da manutenção é digital e preditivo. As empresas que compreenderem isso agora estarão mais preparadas para enfrentar crises energéticas, reduzir desperdícios e aumentar sua competitividade”, conclui Galletti.

