Inverno aumenta risco de vazamentos e infiltrações por água quente

Com a chegada do frio, o banho mais quente se torna parte habitual da rotina em muitas residências. O que poucos sabem é que essa mudança submete as instalações hidráulicas a um estresse maior do que o habitual. De acordo com relatório de 2024 da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), há um aumento de até 30% nos sinistros residenciais durante o inverno, impulsionado por eventos climáticos súbitos.

Em projetos hidráulicos, situações de risco podem ocorrer quando o sistema é exposto a temperaturas e pressões acima do que é tecnicamente especificado. Um exemplo de uso inadequado seria a escolha dos materiais sem considerar critérios estabelecidos em normas, como, por exemplo, a aplicação de tubos de PVC convencional – indicados apenas para água fria – em redes que conduzem água aquecida entre 60 °C e 70 °C. “Nessas condições, o material pode deformar, perder a vedação nas juntas e até se romper, caso não tenha sido especificado corretamente para esse tipo de aplicação”, explica Ricardo Faulin, gerente de produtos da Amanco Wavin.

O problema é especialmente crítico em imóveis mais antigos ou em reformas feitas sem acompanhamento técnico, em que a tubulação de água quente pode ter sido subdimensionada ou executada com material impróprio. “O resultado vai desde uma pequena infiltração, que causa mofo e danos estruturais silenciosos, até um rompimento maior, que pode até alagar o imóvel, gerando grandes prejuízos e a necessidade de obras emergenciais”, diz o especialista.

A prevenção começa na obra

Evitar falhas nas instalações hidráulicas durante o inverno passa pela escolha correta dos materiais desde a construção ou reforma. Em vez de soluções genéricas, priorize adotar sistemas específicos para condução de água quente, compatíveis com o tipo de edificação e o uso previsto.

Confira abaixo algumas alternativas aplicadas de acordo com a necessidade de cada projeto:

Residências e comércios: uma opção amplamente utilizada é o CPVC (Policloreto de Vinila Clorado), indicado para instalações de água quente. Esse material suporta temperaturas de até 82 °C e oferece boa resistência à pressão. Além disso, é um sistema de fácil instalação e manutenção. A união dos tubos e conexões é feita por junta soldável com adesivo específico para CPVC.Reformas com prazos curtos ou pouca interferência na estrutura: o sistema PEX, composto por tubos flexíveis e multicamadas, permite adaptar a instalação hidráulica com agilidade. Como o material é maleável, é possível curvar o tubo, reduzindo o número de conexões. As conexões metálicas são unidas por prensagem com anel deslizante, formando um sistema estanque e durável, com menor risco de vazamentos.Empreendimentos de uso contínuo ou grande porte: para obras que exigem mais robustez – como hospitais, hotéis e indústrias –, o PPR (Polipropileno Copolímero Random) é uma solução viável. As tubulações são unidas por termofusão, formando uma peça única que elimina juntas expostas. Essa característica oferece alta resistência a impactos, variações térmicas e corrosão.

Faulin complementa que o conhecimento técnico é fundamental para todos os envolvidos na cadeia da construção. “Nosso papel vai além de oferecer o produto. É orientar o mercado, do instalador ao arquiteto, até o consumidor final, sobre a especificação correta. Um projeto bem dimensionado com o material certo significa segurança, economia de energia e a certeza de que o conforto da água quente não trará uma dor de cabeça futura.”